2010/11/28

Serie Grandes Inícios IV

Ainda agora comecei a ler e já estou agarrado.
Pudera, com este ínicio quem não fica:

Era uma vez na cidade de Kahani, na terra de Alifbay, um rapaz chamado Luka que possuía dois animais de estimação, um urso chamado Cão e um Cão chamdo Urso, o que queria dizer que, quando ele chamava «Cão!», o urso vinha ter afavelmente com ele, bamboleando-se nas patas traseiras e, quando chamva «Urso!», o cão pulava direito a ele abanando a cauda.

Luka e o Fogo da Vida, Salman Rushdie

2010/11/21

Reformado



A minha mulher perguntou-me com sarcasmo:

- "Que pensas fazer hoje?"

- "Nada."

- "Isso foi o que fizeste ontem!" - Diz-me ela.

- "Sim, mas não consegui acabar!...

2010/11/19

A propósito de um post neste excelente blog http://duas-ou-tres.blogspot.com/foi colocado este comentário com muita graça

Every time a new Pope is elected, there are many rituals to be followed, in accordance with tradition. But there's one ritual that very few people know about.

Shortly after the new Pope is enthroned, the Chief Rabbi of Jerusalem seeks an audience with him.

He is shown into the Pope's presence, whereupon he presents him with a silver tray bearing a velvet cushion. On top of the cushion is an ancient, shrivelled parchment envelope.

The Pope symbolically stretches out his arm in a gesture of rejection.

The Chief Rabbi then retires, taking the envelope with him, and does not return until the next Pope is elected.

Pope Bendict was intrigued by this ritual, the origin of which was unknown to him. He instructed the best scholars of the Vatican to research it, but they couldn't came up with anything. So when the time came and the Chief Rabbi was shown into his presence, he faithfully enacted the ritual rejection.

But then, as the Chief Rabbi turned to leave, he beckoned to him. "My brother," he whispered, "I must confess that we Catholics are ignorant of the meaning of this ritual enacted for centuries between us and the Jewish people. I have to ask you, what is it all about?"

The Chief Rabbi scratched his head and replied, "Frankly, Your Holiness, I have no idea either. The origin of this ritual is lost to us, too."

The Pope thought for a bit and said, "My brother, let us retire to my chamber and enjoy a glass of wine together. Then, with your agreement, we shall open the envelope and discover, at last, the secret."

The Chief Rabbi agreed.

So, after a leisurely glass of wine, they reverently picked up the curling parchment envelope and opened it with fingers trembling with anticipation.

The Chief Rabbi reached inside, took out a sheet of ancient parchment, and carefully unfolded it. He looked at it, and then handed it to the Pope.

It was the bill for the Last Supper.

Pim, Pam, Pum


No seguimento deste post aqui vai um outro fantástico.
Não interessa o conteúdo.
Apenas a forma inspirado no "Fuzilamento do 3 de Mayo de Goya.
Chapeau.

2010/11/18

Um acordão do caralho

Ministério Público quis levar a julgamento cabo da GNR que usou expressão junto de superior, mas Relação de Lisboa ilibou-o.
Quando um cabo da GNR, irritado com o facto de não ter conseguido uma troca na escala de serviço, se dirige ao seu superior, dizendo "não dá pra trocar, então prò c...", está a cometer um crime de insubordinação ou apenas a desabafar? Este debate percorreu o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa e o Tribunal de Instrução Criminal, chegando, a 28 de Outubro deste ano, ao Tribunal da Relação de Lisboa, que encerrou o caso: o cabo não deve ser julgado, porque a expressão utilizada é um "um sinal de mera virilidade verbal".
Foi no dia 4 de Agosto de 2009 que, no gabinete do sargento da GNR que liderava um subdestacamento, o cabo solicitou uma troca de serviço com outro militar. Perante a recusa do seu superior hierárquico, tal como vem descrito no acórdão do Tribunal da Relação, o militar disse: "Não dá para trocar, então pró c..." E de seguida: "Se participar de mim, depois logo falamos como homens."
A situação em causa evoluiu para uma acusação pelo crime de insubordinação. Segundo uma procuradora do DIAP, "a palavra 'c...', proferida pelo arguido, na presença do seu superior hierárquico, de forma alguma, poderia constituir um mero desabafo, antes, indignado, pelo facto de o seu superior não permitir a troca de serviço, visou o arguido atingi-lo na sua honra e consideração".
"Então existe outro significado para a palavra, 'c...' em causa, dita naquele contexto, que não seja injurioso, ofensivo, de afronta, em relação à pessoa a quem é dirigida?", questiona a mesma magistrada.
Os juízes desembargadores Calheiros da Gama e o juiz militar major-general Norberto Bernardes tiveram entendimento diferente, mantendo a decisão do juiz de instrução que decidiu não levar o arguido a julgamento.
E para fundamentar tal decisão, os desembargadores fazem uma extensa análise da expressão "prò c..." que, no fundo, era o que estava em causa no autos. Concluíram que há contextos em que a utilização da expressão não é ofensiva, mas sim um modo de verbalizar estados de alma. Um pouco de história: "Para uns a palavra 'c...' vem do latim caraculu que significava pequena estaca, enquanto que, para outros, este termo surge utilizado pelos portugueses nos tempos das grandes navegações para, nas artes de marinhagem, designar o topo do mastro principal das naus, ou seja, um pau grande. Certo é que, independentemente da etimologia da palavra, o povo começou a associar a palavra ao órgão sexual masculino, o pénis."
Porém, continuam os juízes, "é público e notório, pois tal resulta da experiência comum, que 'c...' é palavra usada por alguns (muitos) para expressar, definir, explicar ou enfatizar toda uma gama de sentimentos humanos e diversos estados de ânimo. Por exemplo 'prò c...' é usado para representar algo excessivo. Seja grande ou pequeno de mais. Serve para referenciar realidades numéricas indefinidas ('chove pra c...'; 'o Cristiano Ronaldo joga pra c...'; 'moras longe pra c...'; 'o ácaro é um animal pequeno pra c...'; 'esse filme é velho pra c...')".
Mas há mais jurisprudência sobre a matéria: "Para alguns, tal como no Norte de Portugal com a expressão popular de espanto, impaciência ou irritação 'carago', não há nada a que não se possa juntar um 'c...', funcionando este como verdadeira muleta oratória."
Tendo presente tais considerações, mais o facto de se ter dado como assente que o cabo e o sargento - apesar da distância hierárquica - manterem uma relação de proximidade, sem muitas regras formais, a Relação de Lisboa decidiu não levar o militar a julgamento pelo crime de insubordinação.

2010/11/15

Contar cabeças

José Queirós (Provedor dos leitores do Público)
Crónica da edição de 14 de Novembro de 2010)

Finalmente. Foi preciso estar em Lisboa um professor de jornalismo norte-americano, com currículo estabelecido em técnicas de contagem de multidões, para pela primeira vez se fazer no nosso país o que a imprensa portuguesa há muito deve aos seus leitores: uma estimativa independente do número de participantes em manifestações ou concentrações com relevo social e político.

No passado dia 6, uma multidão de manifestantes convocados pela Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública desfilou em Lisboa, entre o Marquês de Pombal e os Restauradores, em protesto contra os cortes salariais e outras medidas de austeridade anunciadas pelo Governo e apoiadas pelo principal partido da oposição. E que multidão foi essa? 100.000 pessoas, disseram os organizadores, e repetiu grande parte da comunicação social, participaram na marcha, descrita como uma espécie de ensaio de mobilização para a greve geral marcada para o próximo dia 24.

Ao contrário do que aconteceu em ocasiões semelhantes, desta vez não se conheceram estimativas da polícia. Em contrapartida, uma equipa dirigida por Steve Doig, professor da Universidade do Arizona actualmente a leccionar um mestrado de jornalismo na Universidade Nova de Lisboa, saiu para o terreno para fazer o que nenhum jornal fizera antes: contar os manifestantes. Não mobilizou para isso grandes meios: alguns dos seus alunos fizeram contagens ao longo do percurso da marcha, algumas fotografias foram feitas a partir de um ponto elevado na zona dos Restauradores e foi medido o espaço em que decorreu o comício final. Resultado: uma estimativa de 8.000 a 10.000 participantes no desfile, e cerca de 5.000 concentrados nos Restauradores.

Não creio que seja possível, depois desta experiência, que um jornal independente continue a ignorar as suas responsabilidades informativas e se limite a servir de eco preguiçoso aos números avançados por organizadores de manifestações ou por fontes oficiais. Ou, no caso das greves, por porta-vozes sindicais, patronais ou governamentais, todos partes interessadas, ainda que antagónicas, na difusão dos números (recordo que a greve da função pública de Março passado foi noticiada neste jornal como tendo tido uma adesão "entre os 13 e os 80 por cento", uma "informação" disparatada resultante da mera contraposição dos números fornecidos pelo Governo e pelos sindicatos).

Dir-se-á que o que mais conta, numa manifestação, não é o número de participantes, mas as suas razões e objectivos, e o impacto público, que não depende apenas da sua expressão quantitativa. Mas também se sabe que, no plano da luta sindical e política, os números são uma arma fundamental para organizadores e oponentes, e é por isso que fazem questão de os esgrimir, com as discrepâncias conhecidas. E, ainda que assim não fosse, é dever do jornalismo procurar e transmitir a verdade dos factos. Quando os números são um elemento relevante da notícia — como é obviamente o caso no processo de preparação de uma greve geral —, impõe-se um esforço de rigor na informação. Se a exactidão é inatingível, não o são as estimativas baseadas em métodos sérios e técnicas adequadas e escrutináveis.

O modo como a imprensa diária portuguesa relatou a manifestação do dia 6 não é rigoroso nem sério. Um jornal anunciou, em título e no texto, a presença de 100.000 manifestantes, sem citar qualquer fonte, como se o cálculo decorresse da observação directa do repórter. Outro assumiu a mesma "informação" em antetítulo, embora referindo no texto que a recolhera junto dos organizadores. O PÚBLICO esteve melhor, dedicando uma pequena nota à contagem feita pela equipa da Universidade Nova, e referindo prudentemente "milhares de manifestantes" na abertura da peça que dedicou ao desfile. Ainda assim, adiantava no texto que este "terá mobilizado cem mil pessoas, de acordo com dados da organização" e que "a polícia no local [se] recusou a avaliar o número de participantes". Ter-se-á citado esse número, referindo a fonte, por ser o único disponível. Mas cabe perguntar qual o valor informativo de um dado como esse, em relação ao qual não existia contraditório nem verificação independente. Sobretudo quando se conhece o histórico das enormes diferenças de cálculo entre as partes envolvidas. Definitivamente, este é um hábito que contraria o direito dos leitores a uma informação rigorosa.

Na minha opinião, o que o PÚBLICO deveria ter feito era o que fez a equipa de Steve Doig: ir para a rua contar os manifestantes. Não se pode esperar de um jornal que invista em tal esforço sempre que noticia uma concentração de massas, mas cabe-lhe reconhecer os casos em que o interesse público aconselha que a cobertura informativa de uma acção de contestação política e social devidamente anunciada não deixe de fora esse dado muito relevante que é o da sua expressão numérica.

O método usado pelo perito americano não exige recursos consideráveis, mas poderá objectar-se que não é suficientemente fiável. Colocar alguns voluntários a "contar cabeças" na rua (mesmo tratando-se de um desfile lento como costumam ser estes) não garante certamente resultados exactos. Mas o conjunto das técnicas utilizadas — contagens independentes em diferentes locais de passagem da marcha, durante períodos de tempo definidos, cronometragem do desfile, cálculo da densidade da concentração de pessoas através de fotografias feitas de cima e da medição dos espaços ocupados, e métodos estudados para a aferição e cruzamento de todos estes dados — é sem dúvida melhor que as conhecidas avaliações "a olho" ou os cálculos não escrutináveis, assegurando estimativas mais dignas de crédito.

Na verdade, estas técnicas representam um processo bastante artesanal quando comparado com as que já estão a ser experimentadas em outros países, em boa parte devido à pressão dos media e dos seus consumidores. A análise em computador de imagens de alta resolução, obtidas por fotografia aérea convencional, por satélite ou até por câmaras instaladas em balões (mais móveis e mais próximos do solo), recorrendo a grelhas que dividem a área de uma concentração em múltiplas unidades de superfície, para cada uma das quais é estabelecida a respectiva densidade, permite atingir resultados cada vez mais credíveis. Por exemplo, nas recentes concentrações cívicas convocadas para Washington por vedetas da televisão conotadas com a direita (Glenn Beck, com o apoio do Tea Party) e a esquerda (o comediante Jon Stewart), a CBS News recorreu a duas estimativas independentes baseadas neste tipo de técnicas, embora com algumas diferenças metodológicas, e chegou a resultados muito semelhantes, sem variação estatística assinalável.

Técnicas baseadas na contagem directa de pessoas, apoiadas por gravações em vídeo, mas usando metodologias sofisticadas que permitem diminuir consideravelmente margens de erro, têm vindo a ser pesquisadas e experimentadas nos últimos anos pela Universidade de Hong-Kong. E já produziram um resultado interessante: quando a equipa académica decidiu anunciar que iria "contar cabeças" numa grande manifestação, os números avançados pelos organizadores e pela polícia, tradicionalmente separados por um abismo aritmético, aproximaram-se de forma inédita. Quando voltou a fazê-lo sem aviso prévio, regressou a enorme discrepância entre os cálculos de uns e de outros. Já em Taiwan — por motivos que não têm a ver com protestos de rua, mas com a segurança pública (por exemplo as grandes concentrações em estações ferroviárias nos dias festivos) — é da inovação tecnológica no domínio da análise de imagens por computadores que têm surgido maiores progressos na contagem de multidões.

Alguns dos que me lêem estranharão talvez que se ocupe este espaço a discutir a importância de saber quantos milhares a mais ou a menos se juntaram num determinado protesto, quando o que importará é conhecer as causas (e os possíveis efeitos) desse protesto. A isso responderei que acções de rua como a do passado dia 6 são matéria de interesse público, que a sua expressão quantitativa é relevante, e que é dever do bom jornalismo procurar a verdade. E acrescentarei que, apesar da referência feita às novas tecnologias existentes, processos mais artesanais e simples de executar serão já um passo importante para romper com o jornalismo conformista que troca o dever da investigação independente pela difusão de "informações" em que nem sequer acredita. Foi essa a lição dada em Lisboa pelo professor Doig, que não terá recebido por acaso, entre outros galardões, um prémio Pulitzer na modalidade de serviço público.

Uma nota final para lembrar que, no próximo dia 24, data da anunciada greve geral, seremos provavelmente confrontados com os tradicionais números contraditórios sobre a adesão ao protesto. Sem formas de avaliação independente, e conhecendo-se os precedentes, muito poucos darão crédito a quaisquer desses números, venham eles dos sindicatos ou do Governo. Seria uma excelente ocasião para o jornalismo romper com velhos e maus hábitos, e ganhar credibilidade.

Claro que uma greve não é um desfile. Não se apuram adesões saindo à rua a "contar cabeças". Mas o desafio informativo é da mesma natureza, e todos os progressos possíveis seriam bem-vindos. Amostras sectoriais de informação — apurada com rigor e independência, ainda que em poucos lugares, e contraposta à que for dada pelas partes interessadas — ajudariam a dissipar mentiras e habilidades estatísticas e poderiam vir a desencorajar os que têm poucos escrúpulos em dizer a verdade aos cidadãos. Uma investigação que desvendasse métodos e critérios de contagem praticados por sindicatos, empresas ou ministérios seria igualmente de interesse público.

2010/11/14

Serie Jardins Improváveis VI


Covão do Feto, Monsanto, Alcanena (click na foto para aumentar).
Aproveitamento total do espaço disponivel.
Como seria se houvesse mais?

Serie Jardins Improváveis V



Monsanto, Alcanena (click na imagem para aumentar).
Quem não tem jardim nem passeio caça com...plástico.

2010/11/10

Serie Grandes Capas de BD-IV


Em 1955 o Número Especial de Fevereiro do Cavaleiro Andante publicava duas histórias espectaculares.
A História completa de Búfalo Bill e A Viagem maravilhosa do Capitão Cook, para além da história da fundação do Ginásio Clube Português.
A capa é absolutamente magnífica.

Serie Grandes Capas de BD-III


No Natal de 1953 o Número Especial de Natal do Cavaleiro Andante trazia, como de pode ver na capa, quatro histórias completas, a saber:
Heróis do Mar;
Viagem a Marte com o sub-titulo "Uma história fantástica para ser lida como fantasia";
Aventuras do Zorro com o sub-título "O Mistério da Diligência";
Herói dos Alpes, "História de Guilherme Tell"
Tudo devidamente apócrifo como era regra na altura.

2010/11/07

Porto vs Benfica


Eu costo muito de qualquer desporto, em particular o Rugby, mas detesto tudo quanto o rodeia.
O meu clube é o Benfica mas, porque gosto muito de desporto, gosto muito mais de Futebol (assim com letra grande) do que gosto do Benfica.
O jornalismo, em Portugal, anda pelas ruas da amargura em particular o desportivo.
Em consequência nunca compro jornais desportivos e dos outros, apenas um diário e um semanário e mesmo com esses estou cada vez mais "descoroçoado" como diria a minha mãe.
Serve esta introdução para referenciar a primeira página de "A Bola" que hoje escapa à mediocridade.
O Hulk já era conhecido mas... o Flash?
Belo desarrincanço.
Chapeau.

2010/11/04

Serie Jardins Improváveis IV


Um amigo enviou-me esta foto como tendo sido tirada num condomínio nas Caldas da Raínha.
Si non é vero é benne trovato.

2010/11/01

Bruxas



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Com a devida vénia à Joana Lopes nas Brumas da Memória