2014/09/18
2014/09/09
Thick as a brick
Provocado por este post do António Teixeira no seu Herdeiro da Aécio e dos efeitos descritos no meu comentário ao mesmo, continuei com a saga do vinil no mesmo período (1970-1975).
No mesmo ano de Pictures at an Exhibition dos Emerson, Lake & Palmer, os Jethro Tull (uma banda de rock progressivo tal como os anteriores) publicavam o excelente Thick as a Brick depois de um ano antes terem feito Aqualung.
A capa é um must e revela bem as possibilidades que a dimensão dos discos trazia às suas capas, coisa que é impossível de fazer no tamanho dos CD.
O disco é embrulhado num "jornal" (o St. Cleve Cronicle) que dá conta, em manchete, da existência de um tal Gerald "Litle Milton" Bostock de oito anos de idade autor do poema que dá nome ao disco que, em páginas interiores é escrito. A escolha de Milton não é,obviamente, fruto acaso. Basta ler a sua biografia para isso perceber.
O "Jornal" contém noticiário variado e todo ele falso, satirizando o estilo paroquial dos jornais locais ingleses.
O gozo começa logo no título do disco "Estúpido como um calhau ou como um tijolo" e continua na primeira página noticiando que o rapaz tinha sido desclassificado e recomendado para tratamento psiquiátrico imediato, dado ter uma atitude extremamente insalubre (unwholesome no original) perante a vida, o seu Deus e o seu País. O primeiro prémio foi então atribuído a Mary Whiteyard de 12 anos pelo seu trabalho sobre Cristo intitulado "Ele morreu para salvar as crianças".
O disco foi tocado dezenas de vezes até eu saber de cor todo o poema o que foi obra, porque, embora haja muito instrumental, o Lado A tem 22m e 40s e o lado B 21m e 06s. Pondo o disco a tocar ainda hoje acompanho muitas das partes.
Não encontrando o poema na net resolvi digitalizar a página do "jornal" onde está escrito, não sem grande dificuldade por causa do formato retangular da página e as limitações do meu digitalizador.
Aqui vai:
(click na imagem para aumentar)
O poema é, todo ele, um gozo à sociedade inglesa e toda a sua stiffness).
Não resisto no entanto de transcrever dois pequenos excertos que, infelizmente, se aplicam 42 anos depois:
So!
Come-on ye childhood heroes! Won't
rise up from the pages of your
comic-books?
your super crooks
and show us all the way. Well! make your will
and testament. Won't you?
Join the local government. We´ll have superman for president
let Robin save the day.
E este outro:
So!
Where the hell was Biggles
when we needed him last Saturday?
And where all the Sportsmen
who always pull you through?
they're all resting down in Cornwall
-writing up their memoires for a
paper-back edition of the Boy Scout
Manual
Muito bom
Prometo que vou continuar uns tempos no vinil e continuar a desempoeirar algumas recordações.
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2014/09/08
Escócia
Aqui se transcreve a crónica de hoje de Ferreira Fernandes no DN sobre o referendo independentista, tendo como pano de fundo a sua habitual lucidez.
A Europa está parva e é geral
A pergunta, como em todos os referendos bem feitos, vai ao osso: "Deve a Escócia ser um país independente?" Nenhum chantilly para encher o olho, nenhuma palavra supérflua. Nem mas nem meio mas: sim ou não? Milhares de anos de misturas de povos como inevitavelmente aconteceu, porque se passou numa ilha, e pequena ilha, e três séculos de pátria comum, o Reino Unido da Grã-Bretanha, desde 1707... E agora (dia 18 de setembro), separa-se, como o trigo do joio: sim ou não? Muito antigas derrotas comuns (por exemplo, na Independência americana) e vitórias comuns (I e II Guerras Mundiais), um destino imperial feito junto, descobertas de máquinas e de ideias, literatura, desastres, sonhos e líderes partilhados. Tudo isso, passado, valores, história, famílias - inevitável forte identidade - depurado numa dicotomia: escoceses para um lado, os outros para outro. Um dos defensores do "sim" à independência, diz-me o jornal The Guardian, declarou que nada mais une a Inglaterra e a Escócia senão história e família. Senão? Não me parece coisa pouca. E ouso, eu que estou de fora, falar deste assunto porque salta-me a superficialidade com que o referendo é tratado. Eu, português, que por razões ocasionais da minha empresa residisse há três anos em Edimburgo, apesar de não saber quem são os Stuarts posso votar - cortar, sim ou não, no destino do Reino Unido -, mas um escocês a residir em Londres, não. A Europa está parva e é geral.
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Referendo
Albânia 2
Afinal a Albânia existe e ontem, a sua seleção de futebol ganhou 0-1 à nossa seleção.
Será que já ganharam o Concurso da Eurovisão?
Prometo investigar.
Será que já ganharam o Concurso da Eurovisão?
Prometo investigar.
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