2010/05/04

Riff

Manhattan

‘não penso no inútil dano
com que amanhã me desdiz,
pois, ser feliz, por engano
não é engano: é ser feliz’
Fernando Pessoa
(1888-1935)
Sepra como os américas escreveram Serpa com Matos seu companheiro guitarrista Kris Davis piano (rapariga ironicamente de costas para nós que a estávamos assim a ouver não toda) Ted Poor bateria Matt Pavolka cbaixo
à mesma mesa estavam dois pianistas jazz n-americanos um deles Aaron Parks o outro Frank Kimbrough artista que Portugal já conhece a tocar na orquestra de Maria Schneider e que cá voltará para o festival Seixal deste 10 – visitem www.jazzportugal.ua.pt e leiam ‘Escritos’ onde Frank é biografado
estava ainda César sou amigo de um César português trabalhador nos USA e fiel à pátria se bateu com um steak enquanto ouvia Sara com os olhos postos no bife
Sara é apreciada nos EU em Portugal é muito pouco conhecida
fui almoçar ao ‘Le Bernardin’ e pela primeira vez almocei de casaco emprestado pela gerência
os n-americanos e a paixão pela Europa pois também há outro restaurante - entre vários - caro e bom que dá pelo nome ‘Le Cirque’
neste há uma torre adega transparente com dois andares daltura escadotes e centenas de garrafas expostas esperando que as consumam
bebi cerveja da casa do país: Budweiser
terminei no ‘Rose Theatre’ (hall cheio) no Jazz at Lincoln Center e fui ouver a big band de JaLC com Winton Marsalis que trompeta
paguei 100 e tal dólares (gosto também do modo e tal) por uma cadeira aisle na plateia
a sala é melhor que a do CCB que é má por ser rectangular (!) e tão boa como a da Casa da Música que tem escusadamente um pé direito enorme escreveria mesmo incomensurável (!)
pergunto eu e todos menos o venerado arquitecto estrangeiro: para quê?
a propósito a Casa da Música tem a partir de setembro uma Orquestra Sinfónica e assim se acabou com a asneira de chamar a uma Orquestra Nacional do Porto
o FCP quando foi Campeão foi Campeão Nacional do Porto?...
acabei muito bem minha estadia jazz em Manhattan
a tradição big band continua viva
vi três desta vez - rima e é verdade - e lembrei-me de uma das nossas várias temos a de Lagos a de Matosinhos a de Costa Pinto a da Nazaré a do Hot e então rerelembrei-me quão importante é o estrangeiro e visitá-lo uma vez por ano porque senão o nosso engano aumenta muito mais e chegamos a julgar que a nossa ou o nosso é o melhor deste planeta não o sendo
reequacionar as proporções é atitude a tomar sempre
a realidade Clean Feed empresa portuguesa que organiza festivais jazz em New York e em Chicago ambos neste mês maio mas não des maio pelo catálogo Clean Feed
a realidade Laginha (parabéns pelos 50 de idade cronológica) pianista e compositor em várias músicas longe de só jazz
a realidade Ronaldo todas devem ser sempre justamente avaliadas
Messi é melhor
só ficamos a ganhar
não perdemos nem empatamos
com Winton Marsalis não há dúvidas
é dos melhores
a big band onde com discrição se senta no naipe de trompetes e apresenta os artistas é uma orquestra ‘ofensiva’ (cito Adriana) uma orquestra impecável próxima da perfeição
os arranjos todos notáveis
o baterista escreveu um vírgula empolgante arranjo exemplarmente lido e swingado
ainda hoje no século 20 e 1 há quem julgue que baterista não é músico e que bateria não é instrumento!
cumo não como convidados estiveram a tocar vibrafone Bobby Hutcherson e na segunda parte Marcus Roberts piano
espectáculo deslumbrante!
espectáculo de Música de raça de vitória
quem gosta de jazz gosta de Obama
não tenho a certeza absoluta
desafinados favorecem os contrários
soube em Lisboa que Mike Zwerin se foi embora
n-americano do jazz tocou trombone em ‘Birth of the cool’ com Miles
homem que abandonou suas empresas nos USA para vir viver em Paris
era um notável escrevente
de seus livros e peças para revistas e jornais destaco livro que dedicou aos nazis e à colaboração dos soldados nazis com jazz e jazzmen melhor jazzhommes franceses ao ambiente parisiense jazz nos anos da segunda mundial
convidei-o para falar sobre e tocar jazz
falou na Fonoteca Municipal de Lisboa
tocou no ‘Speakeasy’ também em Lisboa com um jovem trompetista jazz português
confessou-me que o trompetista não sabia as passagens dos standards
ando há décadas a chamar novos a jazz homens e jazz mulheres portuguesas
esqueço-me que todos estamos a ficar mais próximos do
FIM



«… a escrita é a minha primeira morada do silêncio
a segunda irrompe do corpo movendo-se por trás das palavras…
construindo no sangue altíssimas paredes do nada…»
Al Berto (1948-1997)

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