2010/10/25

Um quarto das crianças 'nasce' primeiro na Net

Quem te avisa...

Ontem no DN

por PEDRO SOUSA TAVARES

Aos dois anos mais de 80% das crianças têm referências 'online', revela estudo internacional. Especialista alerta para os riscos
Um casal orgulhoso criou um blogue para partilhar fotografias da sua bebé de dois meses. Algum tempo depois, "as mesmas imagens estavam a ser usadas num anúncio na Internet, em que se informava que a criança estava à venda, e se descrevia todo o tipo de actividades a que o comprador se poderia dedicar".
O caso extremo, descrito ao DN por Tito de Morais, fundador do site "miudossegurosna.net", ilustra o tipo de riscos que o "compreensível desejo de partilhar a alegria e o orgulho da paternidade" podem trazer, quando esta partilha é feita em plataformas "acessíveis a toda a gente".
O facto é que, cada vez mais, recursos como blogues e redes sociais são encarados pelos seus utilizadores como álbuns de fotografias ou diários, onde se registam e partilham pormenores sobre a vida e a evolução dos filhos.
Segundo um estudo da AVG, uma empresa de segurança online, conduzido na América do Norte, em cinco países europeus, na Austrália, Japão e Nova Zelândia, um quarto das crianças dos países desenvolvidos já "existe" na Web antes de nascer. Imagens de ecografias, informações diversas, como o futuro nome, são alguns dos detalhes que pais e mães vão partilhando pela rede.
Ao chegarem aos dois anos, de acordo com o mesmo relatório, 81% das crianças já têm alguma referência à sua existência. Números que contrastam com o grau de preocupação das mães entrevistadas pela AVG, segundo a qual é em Espanha que mais mulheres confessam preocupação com a divulgação destas informações sobre os filhos e, ainda assim, apenas 3,8% das inquiridas.
Portugal não foi abrangido pelo estudo mas, segundo Tito de Morais, desde "há alguns anos" que se têm tornado mais comuns os blogues de bebés. O especialista lembra que já existem funcionalidades, como a possibilidade de criar grupos nas redes sociais, que "limitam as pessoas que acedem aos conteúdos", mas alerta que "nenhum círculo é 100% seguro".

Sem comentários: