2010/12/27
On the Sunny Side of the Street
Grab your coat and get your hat
Leave your worries on the doorstep
Life can be so sweet
On the sunny side of the street
Can’t you hear the pitter-patter?
And that happy tune is your step
Life can be so sweet
On the sunny side of the street
I used to walk in the shade with the blues on parade
But I’m not afraid
I'm crossing over and I'm walking in clovers
If I never had a cent
I’d be rich as rockefeller
with Gold dust at my feet
On the sunny side of the street
I used to walk in the shade with them blues on parade
Now I’m not afraid
I'm crossing over and walking in clovers
Now if I never made one cent
I'll still be rich as frank sinatra
There will be goldust at my feet
On the sunny --
sunny side of the street
PS: Com a colaboração da Sofia
2010/12/10
Serie Grandes Capas de BD-VI
2010/12/08
2010/12/03
2010/12/02
Anedota do dia
Um grupo de anões resolve jogar futebol no domingo e alugam um campo.
Formadas as equipas, cada um pega no seu equipamento, quando reparam que o campo de futebol não tem balneário.
Resolvem então perguntar ao dono de uma tasca ao lado se podem utilizar a
casa de banho para trocar de roupa.
O dono diz que não há problema nenhum, e lá vão eles.
Entram todos na tasca, vão até à casa de banho, vestem-se e começam a sair da casa de banho.
Um bêbado, que estava sentado ao balcão, vê passar por ele a equipa azul.
Estranha, mas continua a beber.
Quando, ao fim de pouco tempo, vê passar a equipa de vermelho, vira-se para o dono do bar e diz :
- Eu não me quero meter ... mas os teus matraquilhos estão a dar à sola !...
2010/12/01
Serie Grandes Capas de BD-V
Em 1955 o Número Especial de Junho do Cavaleiro Andante publicava duas histórias fantásticas:
- Uma adaptação da "celebre obra de Fenimore Cooper «A Pradaria», que evoca a odisseia dos pioneiros da América do Norte, com os inevitáveis lutas com os índios e também com os bandidos que infestavam a pradaria".Nenhuma referencia (infelizmente) a quem ilustrou a obra;
- Uma "Aventura no mar" que narra alguns dos feitos do corsário Jean Bart
A capa faz juz à valentia de Jean Bart.
2010/11/28
Serie Grandes Inícios IV
Pudera, com este ínicio quem não fica:
Era uma vez na cidade de Kahani, na terra de Alifbay, um rapaz chamado Luka que possuía dois animais de estimação, um urso chamado Cão e um Cão chamdo Urso, o que queria dizer que, quando ele chamava «Cão!», o urso vinha ter afavelmente com ele, bamboleando-se nas patas traseiras e, quando chamva «Urso!», o cão pulava direito a ele abanando a cauda.
Luka e o Fogo da Vida, Salman Rushdie
2010/11/21
Reformado
2010/11/19
Every time a new Pope is elected, there are many rituals to be followed, in accordance with tradition. But there's one ritual that very few people know about.
Shortly after the new Pope is enthroned, the Chief Rabbi of Jerusalem seeks an audience with him.
He is shown into the Pope's presence, whereupon he presents him with a silver tray bearing a velvet cushion. On top of the cushion is an ancient, shrivelled parchment envelope.
The Pope symbolically stretches out his arm in a gesture of rejection.
The Chief Rabbi then retires, taking the envelope with him, and does not return until the next Pope is elected.
Pope Bendict was intrigued by this ritual, the origin of which was unknown to him. He instructed the best scholars of the Vatican to research it, but they couldn't came up with anything. So when the time came and the Chief Rabbi was shown into his presence, he faithfully enacted the ritual rejection.
But then, as the Chief Rabbi turned to leave, he beckoned to him. "My brother," he whispered, "I must confess that we Catholics are ignorant of the meaning of this ritual enacted for centuries between us and the Jewish people. I have to ask you, what is it all about?"
The Chief Rabbi scratched his head and replied, "Frankly, Your Holiness, I have no idea either. The origin of this ritual is lost to us, too."
The Pope thought for a bit and said, "My brother, let us retire to my chamber and enjoy a glass of wine together. Then, with your agreement, we shall open the envelope and discover, at last, the secret."
The Chief Rabbi agreed.
So, after a leisurely glass of wine, they reverently picked up the curling parchment envelope and opened it with fingers trembling with anticipation.
The Chief Rabbi reached inside, took out a sheet of ancient parchment, and carefully unfolded it. He looked at it, and then handed it to the Pope.
It was the bill for the Last Supper.
Pim, Pam, Pum
No seguimento deste post aqui vai um outro fantástico.
Não interessa o conteúdo.
Apenas a forma inspirado no "Fuzilamento do 3 de Mayo de Goya.
Chapeau.
2010/11/18
Um acordão do caralho
Quando um cabo da GNR, irritado com o facto de não ter conseguido uma troca na escala de serviço, se dirige ao seu superior, dizendo "não dá pra trocar, então prò c...", está a cometer um crime de insubordinação ou apenas a desabafar? Este debate percorreu o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa e o Tribunal de Instrução Criminal, chegando, a 28 de Outubro deste ano, ao Tribunal da Relação de Lisboa, que encerrou o caso: o cabo não deve ser julgado, porque a expressão utilizada é um "um sinal de mera virilidade verbal".
Foi no dia 4 de Agosto de 2009 que, no gabinete do sargento da GNR que liderava um subdestacamento, o cabo solicitou uma troca de serviço com outro militar. Perante a recusa do seu superior hierárquico, tal como vem descrito no acórdão do Tribunal da Relação, o militar disse: "Não dá para trocar, então pró c..." E de seguida: "Se participar de mim, depois logo falamos como homens."
A situação em causa evoluiu para uma acusação pelo crime de insubordinação. Segundo uma procuradora do DIAP, "a palavra 'c...', proferida pelo arguido, na presença do seu superior hierárquico, de forma alguma, poderia constituir um mero desabafo, antes, indignado, pelo facto de o seu superior não permitir a troca de serviço, visou o arguido atingi-lo na sua honra e consideração".
"Então existe outro significado para a palavra, 'c...' em causa, dita naquele contexto, que não seja injurioso, ofensivo, de afronta, em relação à pessoa a quem é dirigida?", questiona a mesma magistrada.
Os juízes desembargadores Calheiros da Gama e o juiz militar major-general Norberto Bernardes tiveram entendimento diferente, mantendo a decisão do juiz de instrução que decidiu não levar o arguido a julgamento.
E para fundamentar tal decisão, os desembargadores fazem uma extensa análise da expressão "prò c..." que, no fundo, era o que estava em causa no autos. Concluíram que há contextos em que a utilização da expressão não é ofensiva, mas sim um modo de verbalizar estados de alma. Um pouco de história: "Para uns a palavra 'c...' vem do latim caraculu que significava pequena estaca, enquanto que, para outros, este termo surge utilizado pelos portugueses nos tempos das grandes navegações para, nas artes de marinhagem, designar o topo do mastro principal das naus, ou seja, um pau grande. Certo é que, independentemente da etimologia da palavra, o povo começou a associar a palavra ao órgão sexual masculino, o pénis."
Porém, continuam os juízes, "é público e notório, pois tal resulta da experiência comum, que 'c...' é palavra usada por alguns (muitos) para expressar, definir, explicar ou enfatizar toda uma gama de sentimentos humanos e diversos estados de ânimo. Por exemplo 'prò c...' é usado para representar algo excessivo. Seja grande ou pequeno de mais. Serve para referenciar realidades numéricas indefinidas ('chove pra c...'; 'o Cristiano Ronaldo joga pra c...'; 'moras longe pra c...'; 'o ácaro é um animal pequeno pra c...'; 'esse filme é velho pra c...')".
Mas há mais jurisprudência sobre a matéria: "Para alguns, tal como no Norte de Portugal com a expressão popular de espanto, impaciência ou irritação 'carago', não há nada a que não se possa juntar um 'c...', funcionando este como verdadeira muleta oratória."Tendo presente tais considerações, mais o facto de se ter dado como assente que o cabo e o sargento - apesar da distância hierárquica - manterem uma relação de proximidade, sem muitas regras formais, a Relação de Lisboa decidiu não levar o militar a julgamento pelo crime de insubordinação.
2010/11/15
Contar cabeças
Crónica da edição de 14 de Novembro de 2010)
Finalmente. Foi preciso estar em Lisboa um professor de jornalismo norte-americano, com currículo estabelecido em técnicas de contagem de multidões, para pela primeira vez se fazer no nosso país o que a imprensa portuguesa há muito deve aos seus leitores: uma estimativa independente do número de participantes em manifestações ou concentrações com relevo social e político.
No passado dia 6, uma multidão de manifestantes convocados pela Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública desfilou em Lisboa, entre o Marquês de Pombal e os Restauradores, em protesto contra os cortes salariais e outras medidas de austeridade anunciadas pelo Governo e apoiadas pelo principal partido da oposição. E que multidão foi essa? 100.000 pessoas, disseram os organizadores, e repetiu grande parte da comunicação social, participaram na marcha, descrita como uma espécie de ensaio de mobilização para a greve geral marcada para o próximo dia 24.
Ao contrário do que aconteceu em ocasiões semelhantes, desta vez não se conheceram estimativas da polícia. Em contrapartida, uma equipa dirigida por Steve Doig, professor da Universidade do Arizona actualmente a leccionar um mestrado de jornalismo na Universidade Nova de Lisboa, saiu para o terreno para fazer o que nenhum jornal fizera antes: contar os manifestantes. Não mobilizou para isso grandes meios: alguns dos seus alunos fizeram contagens ao longo do percurso da marcha, algumas fotografias foram feitas a partir de um ponto elevado na zona dos Restauradores e foi medido o espaço em que decorreu o comício final. Resultado: uma estimativa de 8.000 a 10.000 participantes no desfile, e cerca de 5.000 concentrados nos Restauradores.
Não creio que seja possível, depois desta experiência, que um jornal independente continue a ignorar as suas responsabilidades informativas e se limite a servir de eco preguiçoso aos números avançados por organizadores de manifestações ou por fontes oficiais. Ou, no caso das greves, por porta-vozes sindicais, patronais ou governamentais, todos partes interessadas, ainda que antagónicas, na difusão dos números (recordo que a greve da função pública de Março passado foi noticiada neste jornal como tendo tido uma adesão "entre os 13 e os 80 por cento", uma "informação" disparatada resultante da mera contraposição dos números fornecidos pelo Governo e pelos sindicatos).
Dir-se-á que o que mais conta, numa manifestação, não é o número de participantes, mas as suas razões e objectivos, e o impacto público, que não depende apenas da sua expressão quantitativa. Mas também se sabe que, no plano da luta sindical e política, os números são uma arma fundamental para organizadores e oponentes, e é por isso que fazem questão de os esgrimir, com as discrepâncias conhecidas. E, ainda que assim não fosse, é dever do jornalismo procurar e transmitir a verdade dos factos. Quando os números são um elemento relevante da notícia — como é obviamente o caso no processo de preparação de uma greve geral —, impõe-se um esforço de rigor na informação. Se a exactidão é inatingível, não o são as estimativas baseadas em métodos sérios e técnicas adequadas e escrutináveis.
O modo como a imprensa diária portuguesa relatou a manifestação do dia 6 não é rigoroso nem sério. Um jornal anunciou, em título e no texto, a presença de 100.000 manifestantes, sem citar qualquer fonte, como se o cálculo decorresse da observação directa do repórter. Outro assumiu a mesma "informação" em antetítulo, embora referindo no texto que a recolhera junto dos organizadores. O PÚBLICO esteve melhor, dedicando uma pequena nota à contagem feita pela equipa da Universidade Nova, e referindo prudentemente "milhares de manifestantes" na abertura da peça que dedicou ao desfile. Ainda assim, adiantava no texto que este "terá mobilizado cem mil pessoas, de acordo com dados da organização" e que "a polícia no local [se] recusou a avaliar o número de participantes". Ter-se-á citado esse número, referindo a fonte, por ser o único disponível. Mas cabe perguntar qual o valor informativo de um dado como esse, em relação ao qual não existia contraditório nem verificação independente. Sobretudo quando se conhece o histórico das enormes diferenças de cálculo entre as partes envolvidas. Definitivamente, este é um hábito que contraria o direito dos leitores a uma informação rigorosa.
Na minha opinião, o que o PÚBLICO deveria ter feito era o que fez a equipa de Steve Doig: ir para a rua contar os manifestantes. Não se pode esperar de um jornal que invista em tal esforço sempre que noticia uma concentração de massas, mas cabe-lhe reconhecer os casos em que o interesse público aconselha que a cobertura informativa de uma acção de contestação política e social devidamente anunciada não deixe de fora esse dado muito relevante que é o da sua expressão numérica.
O método usado pelo perito americano não exige recursos consideráveis, mas poderá objectar-se que não é suficientemente fiável. Colocar alguns voluntários a "contar cabeças" na rua (mesmo tratando-se de um desfile lento como costumam ser estes) não garante certamente resultados exactos. Mas o conjunto das técnicas utilizadas — contagens independentes em diferentes locais de passagem da marcha, durante períodos de tempo definidos, cronometragem do desfile, cálculo da densidade da concentração de pessoas através de fotografias feitas de cima e da medição dos espaços ocupados, e métodos estudados para a aferição e cruzamento de todos estes dados — é sem dúvida melhor que as conhecidas avaliações "a olho" ou os cálculos não escrutináveis, assegurando estimativas mais dignas de crédito.
Na verdade, estas técnicas representam um processo bastante artesanal quando comparado com as que já estão a ser experimentadas em outros países, em boa parte devido à pressão dos media e dos seus consumidores. A análise em computador de imagens de alta resolução, obtidas por fotografia aérea convencional, por satélite ou até por câmaras instaladas em balões (mais móveis e mais próximos do solo), recorrendo a grelhas que dividem a área de uma concentração em múltiplas unidades de superfície, para cada uma das quais é estabelecida a respectiva densidade, permite atingir resultados cada vez mais credíveis. Por exemplo, nas recentes concentrações cívicas convocadas para Washington por vedetas da televisão conotadas com a direita (Glenn Beck, com o apoio do Tea Party) e a esquerda (o comediante Jon Stewart), a CBS News recorreu a duas estimativas independentes baseadas neste tipo de técnicas, embora com algumas diferenças metodológicas, e chegou a resultados muito semelhantes, sem variação estatística assinalável.
Técnicas baseadas na contagem directa de pessoas, apoiadas por gravações em vídeo, mas usando metodologias sofisticadas que permitem diminuir consideravelmente margens de erro, têm vindo a ser pesquisadas e experimentadas nos últimos anos pela Universidade de Hong-Kong. E já produziram um resultado interessante: quando a equipa académica decidiu anunciar que iria "contar cabeças" numa grande manifestação, os números avançados pelos organizadores e pela polícia, tradicionalmente separados por um abismo aritmético, aproximaram-se de forma inédita. Quando voltou a fazê-lo sem aviso prévio, regressou a enorme discrepância entre os cálculos de uns e de outros. Já em Taiwan — por motivos que não têm a ver com protestos de rua, mas com a segurança pública (por exemplo as grandes concentrações em estações ferroviárias nos dias festivos) — é da inovação tecnológica no domínio da análise de imagens por computadores que têm surgido maiores progressos na contagem de multidões.
Alguns dos que me lêem estranharão talvez que se ocupe este espaço a discutir a importância de saber quantos milhares a mais ou a menos se juntaram num determinado protesto, quando o que importará é conhecer as causas (e os possíveis efeitos) desse protesto. A isso responderei que acções de rua como a do passado dia 6 são matéria de interesse público, que a sua expressão quantitativa é relevante, e que é dever do bom jornalismo procurar a verdade. E acrescentarei que, apesar da referência feita às novas tecnologias existentes, processos mais artesanais e simples de executar serão já um passo importante para romper com o jornalismo conformista que troca o dever da investigação independente pela difusão de "informações" em que nem sequer acredita. Foi essa a lição dada em Lisboa pelo professor Doig, que não terá recebido por acaso, entre outros galardões, um prémio Pulitzer na modalidade de serviço público.
Uma nota final para lembrar que, no próximo dia 24, data da anunciada greve geral, seremos provavelmente confrontados com os tradicionais números contraditórios sobre a adesão ao protesto. Sem formas de avaliação independente, e conhecendo-se os precedentes, muito poucos darão crédito a quaisquer desses números, venham eles dos sindicatos ou do Governo. Seria uma excelente ocasião para o jornalismo romper com velhos e maus hábitos, e ganhar credibilidade.
Claro que uma greve não é um desfile. Não se apuram adesões saindo à rua a "contar cabeças". Mas o desafio informativo é da mesma natureza, e todos os progressos possíveis seriam bem-vindos. Amostras sectoriais de informação — apurada com rigor e independência, ainda que em poucos lugares, e contraposta à que for dada pelas partes interessadas — ajudariam a dissipar mentiras e habilidades estatísticas e poderiam vir a desencorajar os que têm poucos escrúpulos em dizer a verdade aos cidadãos. Uma investigação que desvendasse métodos e critérios de contagem praticados por sindicatos, empresas ou ministérios seria igualmente de interesse público.
2010/11/14
Serie Jardins Improváveis VI
Serie Jardins Improváveis V
2010/11/10
Serie Grandes Capas de BD-IV
Serie Grandes Capas de BD-III
No Natal de 1953 o Número Especial de Natal do Cavaleiro Andante trazia, como de pode ver na capa, quatro histórias completas, a saber:
Heróis do Mar;
Viagem a Marte com o sub-titulo "Uma história fantástica para ser lida como fantasia";
Aventuras do Zorro com o sub-título "O Mistério da Diligência";
Herói dos Alpes, "História de Guilherme Tell"
Tudo devidamente apócrifo como era regra na altura.
2010/11/07
Porto vs Benfica
Eu costo muito de qualquer desporto, em particular o Rugby, mas detesto tudo quanto o rodeia.
O meu clube é o Benfica mas, porque gosto muito de desporto, gosto muito mais de Futebol (assim com letra grande) do que gosto do Benfica.
O jornalismo, em Portugal, anda pelas ruas da amargura em particular o desportivo.
Em consequência nunca compro jornais desportivos e dos outros, apenas um diário e um semanário e mesmo com esses estou cada vez mais "descoroçoado" como diria a minha mãe.
Serve esta introdução para referenciar a primeira página de "A Bola" que hoje escapa à mediocridade.
O Hulk já era conhecido mas... o Flash?
Belo desarrincanço.
Chapeau.
2010/11/04
Serie Jardins Improváveis IV
2010/11/01
2010/10/28
2010/10/27
2010/10/26
Serie Grandes Inícios III
Editado pela Dargaud é absolutamente fabuloso.
Recomenda-se.
2010/10/25
Serie Grandes Inícios II
Orquestra da Royal Opera House dirigida por Zubin Mehta
Dispensa comentários.
Porto Editora disponibiliza Conversor do Acordo Ortográfico
O Conversor contínua indisponível
Serie Grandes Inícios I
A ideia original circunscreve-se aos romances, mas esta série vai alargar-se à BD e à música e ao cinema.
Ainda roubado do referido artigo as honras de abertura vão, ironicamente, para Cem Anos de Solidão de Gabriel Garcia Marquez (1928) e Conversa na Catedral de Mário Vargas Lhosa (1936):
"Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendia havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou conhecer o gelo."
Comentário de JMS:
Experimente ler alto esta frase, pórtico por onde se entra num romance magistral. Depois releia. Depois releia outra vez. À terceira releitura já saberá de cor. O mais certo é ficar gravada na memória como se fosse um poema. De certa maneira, é o que ela é.
"Da porta do La Cronica, Santiago olha a avenida Tacna, sem amor: automóveis, edifícios desiguais e desbotados. esqueletos de anúncios luminosos flutuando na neblina, o meio-dia cinzento."
Comentário de JMS:
Quarenta e um anos antes de ganhar, com inteira justiça, o Nobel da Literatura, Vargas Lhosa começava assim, em tom melacólico, a sua obra prima.
Um quarto das crianças 'nasce' primeiro na Net
Ontem no DN
por PEDRO SOUSA TAVARES
Aos dois anos mais de 80% das crianças têm referências 'online', revela estudo internacional. Especialista alerta para os riscos
Um casal orgulhoso criou um blogue para partilhar fotografias da sua bebé de dois meses. Algum tempo depois, "as mesmas imagens estavam a ser usadas num anúncio na Internet, em que se informava que a criança estava à venda, e se descrevia todo o tipo de actividades a que o comprador se poderia dedicar".
O caso extremo, descrito ao DN por Tito de Morais, fundador do site "miudossegurosna.net", ilustra o tipo de riscos que o "compreensível desejo de partilhar a alegria e o orgulho da paternidade" podem trazer, quando esta partilha é feita em plataformas "acessíveis a toda a gente".
O facto é que, cada vez mais, recursos como blogues e redes sociais são encarados pelos seus utilizadores como álbuns de fotografias ou diários, onde se registam e partilham pormenores sobre a vida e a evolução dos filhos.
Segundo um estudo da AVG, uma empresa de segurança online, conduzido na América do Norte, em cinco países europeus, na Austrália, Japão e Nova Zelândia, um quarto das crianças dos países desenvolvidos já "existe" na Web antes de nascer. Imagens de ecografias, informações diversas, como o futuro nome, são alguns dos detalhes que pais e mães vão partilhando pela rede.
Ao chegarem aos dois anos, de acordo com o mesmo relatório, 81% das crianças já têm alguma referência à sua existência. Números que contrastam com o grau de preocupação das mães entrevistadas pela AVG, segundo a qual é em Espanha que mais mulheres confessam preocupação com a divulgação destas informações sobre os filhos e, ainda assim, apenas 3,8% das inquiridas.
Portugal não foi abrangido pelo estudo mas, segundo Tito de Morais, desde "há alguns anos" que se têm tornado mais comuns os blogues de bebés. O especialista lembra que já existem funcionalidades, como a possibilidade de criar grupos nas redes sociais, que "limitam as pessoas que acedem aos conteúdos", mas alerta que "nenhum círculo é 100% seguro".
2010/10/23
Abre hoje, sexta-feira, as suas portas o 21.ª edição do Amadora BD - Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, que se prolonga até ao dia 7 de Novembro. São 17 dias, dezenas de autores e centenas de pranchas no Fórum Luís de Camões, na Brandoa.
Porto Editora disponibiliza Conversor do Acordo Ortográfico
O Conversor do Acordo Ortográfico é o novo serviço gratuito criado pela Porto Editora, que disponibiliza uma ferramenta para converter textos para a nova grafia, incluindo documentos em formato Word.
«Acessível através do endereço www.portoeditora.pt, o Conversor do Acordo Ortográfico destaca-se por permitir a conversão de textos em formato Word. No módulo Conversor de Ficheiro, selecciona-se e carrega-se o documento a partir do computador, insere-se o nome e o email e rapidamente é-se notificado por correio electrónico para se descarregar o documento. No texto, todas as alterações surgem identificadas, ajudando o utilizador a perceber as alterações feitas», informa um comunicado da Porto Editora. «Para quem pretende converter pequenos textos até 3000 caracteres, o módulo Conversor de Texto resolve instantaneamente a questão. Basta inserir o texto na área superior do conversor e clicar em converter – de imediato, surge o texto adaptado na área inferior com a indicação, em sublinhado, das palavras modificadas».
Boas notícias mas (como eu odeio as adversativas) fui lá agora e o Conversor não estava disponivel.
Aguardemos melhores dias.
Para já fica nos "Favoritos".
Ongoing para o Brasil espero que só com bilhete de ida
Para quem não sabia o que era a Ongoing na Comissão de Inquérito Parlamentar sobre a liberdade de imprensa( ou será para lamentar?) não está mal.
Um dos deputados que o PSD de Pacheco e Manuela atirou para a frente de combate nas acusações a Sócrates de ingerência nos media troca o lugar de deputado por um cargo na Ongoing, a tal empresa que o PSD de Pacheco e Manuela considerava estar no olho do furacão das alegadas manobras socialistas.
Se isto não merece uma comissão de inquérito...
José Carmo Francisco
Não sei se há vida depois da morte mas tenho a certeza de que há morte depois da vida.
Stade Gerland
Falamos de Rugby.
Tive o prazer de, neste mesmo estádio, assistir em Setembro de 2007 ao celebre (para nós, os amantes de rugby) encontro entre os All Blacks e Os Lobos.
A imagem de dignidade, empenho, valentia e orgulho que a nossa selecção deixou no encontro, onde fomos "cilindrados" pela melhor selecção de rugby do mundo, foi profusamente relatado na imprensa francesa da especialidade.
Aqui fica o momemto histórico do ensaio conseguido contra os mais poderosos.
Para além disso fica também o ambiente que se vivia antes do jogo (bem diferente do futebol porque o pessoal do rugby é gente civilizada) e o famoso haka dos neo-zelandeses filmados por mim.
Nota: Reparar ao segundo 11, do silenciar de um alarve infiltrado, seguramente da tribo do futebol.
2010/10/22
Mistérios
Conta-se que um conhecido astrofísico e poeta francês, Michel Cassé, colocou a seguinte questão científica: «Sabendo que uma torrada cai sempre do lado da manteiga e que os gatos caem sempre em cima das quatro patas, perante estas duas verdades fundamentais, que se passará com um gato untado de manteiga?» Até ontem esta questão nunca tinha tido resposta.
Alguém sabe responder?
Temos de ir à bruxa...
Acrescento: Se ela deixar.
Si non é vero é bene trovato
Um sujeito chega ao céu, onde é recebido por São Pedro.
Após os cumprimentos, São Pedro explica-lhe que, para entrar, os
homens têm que cortar a pila.
- Que disparate, São Pedro! Como é que eu vou cortar uma coisa que na
Terra me deu tanta alegria?!?
- Não há outra forma, meu filho. Aqui no céu não há sexo. Ou deixas
cortar, ou não entras.
O tipo olha para baixo, vê as caldeiras fumegantes do inferno e acaba
por aceitar.
É levado a uma sala onde há três pessoas à espera. Pouco depois chega
uma anjinha muita linda, vestida de enfermeira, com
as asinhas envolvidas em película esterilizada e manda entrar o próximo.
Segundos após, ouvem-se vários gritos de dor. Silêncio.
Volta a anjinha e chama mais um. Desta vez ouve-se apenas um grito
forte de dor e depois, silêncio.
Quando chega a vez do terceiro, nada se ouve. Silêncio profundo.
Chega a vez do sujeito. Ele pede à anjinha uma explicação a respeito
dos gritos diferentes e ela responde, muito surpreendida
- Não te explicaram?!? Então é assim? aqui a gente corta tal coisa de
acordo com a profissão que o dono teve na Terra.
O primeiro gritou muito, porque eu lhe serrei a pila, já que ele era
serralheiro.
O segundo deu só um grito forte, porque foi cortada de uma só vez, ele
era talhante.
O terceiro não gritou porque era médico e foi anestesiado antes.
O nosso amigo desata a rir às gargalhadas. Sem entender nada, a
anjinha fica a olhar. Então o rapaz desaperta os botões da calças e
diz à anjinha:
- Chupa até ele cair, meu amor! Na Terra eu era vendedor de gelados!!!
2010/10/21
Manuela Moura Guedes volta ao ataque.
Faço minhas as palavras do Tomás Vasques e acrescento: puta que pariu.
Manuela Moura Guedes rescindiu o contrato com a TVI. Ao que dizem, trocou a sua luta pela liberdade de expressão por trezentos mil euros, depois de ter iniciado as negociações a exigir um milhão de euros. E, com a conta bancária já recheada, ainda escreveu na sua página do facebook: «Faço parte, a partir de hoje, do imenso grupo de desempregados deste país!» Qualquer desempregado, qualquer trabalhador mal pago e sem liberdade de expressão dirá: foda-se!
2010/10/20
Serie Grandes Capas de BD-II
2010/10/19
Serie Grandes Capas de BD-I
A honra de abertura, com toda a justiça, vai para a capa do Numero Especial de Natal do Cavaleiro Andante de 1952.
O número, para alem das habituais pranchas das histórias em continuação, normal em qualquer "fanzine", continha um "album" completo (se assim se pode chamar para aquele tempo). A adaptação para BD do romance Kim de Rudyard Kipling. A autoria argumento e das pranchas está omissa como era hábito naquela altura(infelizmente).
2010/10/16
2010/10/15
Los 33 del Chile
Comentários, que faço meus, do autor do referido blog.
Los 33
Chile es un país que crece en las tragedias. El poeta Fernando Alegría escribió: «cuando nos azota un temporal o nos sacude un terremoto, cuando Chile ya no puede estar seguro de sus mapas, digo enfurecido ¡viva Chile, mierda!». En el mes de agosto y todavía con la mitad del sur de país derribado por el terremoto del 27 de febrero, la voz de alarma llegó del norte, del desierto de Atacama, y supimos que 33 mineros habían quedado atrapados tras el derrumbe de una mina propiedad de una empresa que violaba todas las reglas de seguridad laboral. Treinta y tres hombres, uno de ellos boliviano, permanecieron atrapados a 700 metros de profundidad durante 69 días hasta que, y pese al show mediático montado por el Gobierno, empezaron a salir uno a uno de las profundidades de la tierra.
Mientras escribo estas líneas ya han salido ocho, y lo han hecho de pie, recibiendo el saludo efusivo de sus compañeros que los buscaron, encontraron y cavaron la dura roca hasta que, con el lenguaje parco de los mineros, les dijeron que los sacarían de ahí.
Cuando salió el primero, el presidente Piñera daba gracias a dios y a la nomenclatura en orden de importancia de cargos, pero olvidó agradecer a los mineros de Pensylvania que, por haber experimentado una tragedia similar, se solidarizaron con sus lejanos compañeros de Atacama y aportaron los conocimientos técnicos -cultura minera- y parte de la maquinaria que hizo posible el rescate. Tampoco mencionó a dos héroes silenciosos, dos internacionalistas del trabajo: James Stefanic y Matt Stafeard, los dos operadores que llegaron hasta los mineros atrapados y son los grandes responsables del rescate.
Mientras sacaban al segundo minero, que salía del calor y la humedad del encierro a 700 metros bajo tierra para enfrentarse a la sequedad y 10 grados bajo cero del desierto, el presidente Piñera no resistió la tentación de otra conferencia de prensa 'in situ' y en la que lo único destacable fue la vacilante declaración de intenciones para hacer algo por la seguridad laboral de los mineros. En su torpeza evidente, Piñera omite que ha sido justamente la derecha chilena la más feroz opositora a que se regule la seguridad laboral, indicando que los controles son sinónimo de burocracia y atentan contra la libertad de mercado.
En medio de su show cargado de gestos religiosos, Piñera omitió cualquier referencia a la triste situación de los otros doscientos y tantos mineros de la misma empresa, que trabajaban en la misma mina, que desde el mes de agosto no reciben sus salarios. Esta empresa se atrevió a declarar que incluso los 33 atrapados no cobrarían por todos los días bajo tierra, porque, sencillamente, no habían trabajado. Y la respuesta del Gobierno brilló por su ausencia.
La tragedia, esos 33 hombres sepultados, ha sido utilizada para marcar de invisibilidad al otro Chile, al país que no sale en televisión, por ejemplo, a los mapuche, cuya dramática huelga de hambre desapareció de la actualidad, ese sucedáneo del presente que se impone a la masa acrítica y dada al aplauso fácil que los modernos comunicadores llaman 'opinión pública'.
Desde luego que es emocionante verlos salir, uno a uno, y más emocionante es ver que esos 33 mineros, pese a los regalos prometidos, un viaje a España para ver un partido del Real Madrid, un viaje a Inglaterra para ver un partido del Manchester United, un iphone de última generación, un viaje a Grecia y hasta diez mil dólares a cada uno donados por un empresario chileno que aspira a ser presidente del país, pese a todo eso siguen siendo mineros y, por eso mismo, anunciaron la creación de una fundación que se preocupe de la situación de todos los trabajadores de la minería afectados por la irresponsabilidad de las empresas.
Sacarlos de ahí ha sido una proeza, pero una proeza de todos los que sudaron hasta conseguirlo y no de los encargados del show del rescate.
Y la mayor proeza será lograr que en Chile se respeten las normas de seguridad laboral para que nunca más 33 mineros desaparezcan en las entrañas de la tierra.
Quatro apontamentos no rescaldo da grande operação de salvamento dos mineiros chilenos:
- A excessiva presença de Sebastián Piñera raiou o pornográfico. Os desgraçados dos mineiros saíam das entranhas da terra após um horror de mais de dois meses, e uma das primeiras coisas que tinham de fazer era abraçar o presidente e dar um beijinho àquela loira que lá estava ao lado?!
(Num momento inicial de espera um jornalista na TV explicou que já estava tudo a postos, mas não podiam dar início enquanto o presidente não chegasse, porque ele queria dirigir a operação pessoalmente. Espero que não seja verdade.)
- No meio da euforia, parece que todos se esqueceram das circunstâncias em que o acidente ocorreu. Já foram tomadas medidas em relação à segurança das outras minas?
- Ao pensar neste momento chileno não consigo deixar de lembrar com tristeza a China, de onde nos chegam tantas vezes notícias de acidentes e dezenas de mortes em minas. Lá não há milagres.
- Parafraseando o Mario Sepúlveda: viva a aldeia global, mierda! A Alemanha forneceu uma das escavadoras especiais, bem como a cápsula Fenix (mas não digo para que fins foi esta inventada, para não sujar a escrita). A NASA contibuiu com o seu know-how ligado às experiências no espaço. E com certeza outros países e instituições terão colaborado nesta operação. Bem sei que isto é um lugar-comum, mas hoje apetece repetir: é bom ver que neste nosso mundo caótico é possível unir os esforços por uma boa causa. Vivam todos!
(Adenda: a cápsula Fénix foi construída no Chile, inspirada num modelo alemão de 1955, a Dahlbusch-Bombe)
Venezuela Brass Ensemble
O pessoal diverte-se.
I Got Rhythm
George Gershwin
Maestro- Thomas Clamor
Tico Tico
Alma Llanera
Mambo
Gustavo Dudamel e a Orquestra da Juventude Simon Bolivar no Concerto de fim-de-ano em Caracas em 2007.
Musica de Leonard Bernstein
No início do ano, passou no segundo canal um documentário sobre o sistema nacional de orquestras na Venezuela. El Sistema, como lhe chamam os venezuelanos, é a concretização do sonho de José António Abreu, economista e pianista amador, que, através do ensino da música clássica, criou um projecto único de inclusão social. Existem na Venezuela cerca de 125 orquestras juvenis que integram cerca de 250 mil crianças e jovens. A maior parte destas crianças vem de famílias pobres e muito pobres. No documentário, acompanhamos a história de Raul. Vive com a mãe, numa torre clandestina, de tijolos, cimento e grades, na periferia de Caracas. Levanta-se às seis e meia da manhã para comer tortilhas caseiras que a mãe lhe prepara. Raul vai à escola de manhã. Passa as tardes numa orquestra juvenil a tocar trompete. Fá-lo com uma alegria contagiante.
Tem um amigo gordo, caboclo de cabelo lustrado, que toca tuba. Tem uma amiga desdentada, de totós floridos, que toca flauta. O maestro é um jovem mulato, muito bonito, que anda de mota e cresceu num orfanato. As orquestras juvenis da Venezuela, criadas na década de 70, são um mecanismo precioso de integração. No documentário, José António Abreu explica que o sucesso, em parte, se explica pela miséria em que a maior parte dos alunos vive. A miséria traz-lhes abnegação, disciplina, força. Os meninos venezuelanos vêem nas orquestras do seu bairro, na aprendizagem da música clássica, uma maneira de se salvarem do gueto. Ao contrário, as crianças dos países desenvolvidos, as nossas, experimentam o tédio do excesso. Vivem na triste miséria da abundância. Se lhes derem um clarinete ou uma trompa olham com desprezo e correm para o facebook onde inventam, para si, uma vida de alegrias breves e amigos virtuais.
Não percebo um corno de música clássica. Gosto das tocatas de Bach, pouco mais. Porém, quando vejo as imagens do Gustavo Dudamel, o mais célebre aluno do sistema de orquestras venezuelanas, com os caracóis aos cachos, sorridente, dirigindo uma orquestra de brancos, negros, mestiços, fico arrepiada. Mais encantada fico quando, no fim dos concertos, a música clássica dá lugar aos ritmos populares caribenhos e os músicos se levantam para dançar. Os meninos do público, Raul e o seu amigo gordo, aplaudem. Gustavo Dudamel canta e dança. É maravilhoso. Há dois anos que tendo comprar um bilhete para o ver. Há dois anos que sou excluída do circuito feroz dos melómanos que açambarcam tudo. O próximo concerto é em finais de Janeiro na Gulbenkian. Os bilhetes estão esgotados há muito tempo. Vai a Gulbenkian encher-se de empalados para o ouvir. Os empalados, para quem não sabe, são aquelas pessoas que têm um pau enfiado pelo cu acima e se movimentam, muito sérios, muito direitos, digníssimos, sorrindo aqui e ali, pelos corredores dos teatros e auditórios. Em todo caso, se algum empalado - impossibilitado de ir ao concerto ou apertadinho com a crise instalada - quiser, mediante preço a acordar, dispensar-me um bilhete, eu aceito.
2010/10/13
Alcala de Henares
2010/10/12
Prós e Contras
Tentam meter o Rossio na Betesga, convidando tanta gente para opinar sobre o tema escolhido e normalmente não "há cú que aguente"
Eu não gosto da Fátima Campos Ferreira porque se transforma frequentemente no elemento absorvente, em vez de assumir o neutro, como não gosto da maioria dos moderadores, entrevistadores, "pivots" etc. da televisão, sobretudo quando têm aquele hábito terrivel da refrasear o que o entrevistado disse.
É um atestado de menoridade ao espectador, uma perda de tempo e, sobretudo, uma "muleta" para o entrevistador, que assim tem mais tempo para pensar na próxima pergunta.
Ontem no entanto havia um "must".
Não é fácil reunir Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio.
Suponho até, que só foi possível por estarmos na crise em que estamos.
Desta vez vou ver até ao fim.
Não fui defraudado.
Ramalho Eanes continuar a ser aquilo que sempre foi, quadrado, "general" e "cara de pau" como ele próprio afirmou mas, igual a si próprio, não fugiu às perguntas e discorreu simples e claro.
Mário Soares continua em grande forma.
O melhor foi Jorge Sampaio. Com um humor previamente estudado colocou o seu discurso num registo optimista que arrancou aplausos do público (é disto que a gente precisa?) contrariando o arengar pessimista e catastrófico da Fátima.
Depois daquele discurso imbecil do presidente da associação académica que lembrou que no tempo de universidade dos intervenientes não havia problema de emprego para os licenciados esquecendo-se (talvez não saiba por ignorancia) que nesse tempo eram tão poucos que não havia problema a surpresa da noite foi Henrique Granadeiro lembrando que há um país que liga pouco aos politicos e que faz o seu trabalho diariamente, sem problemas.
Ainda houve tempo para Jorge Sampaio recusar a dicotomia entre "nós" e "eles" assumindo-se embora como um dos "eles".
Nota final para verificar que a imprensa de hoje deu pouco relevo à coisa.
Confere.
Ninguém se irritou, ninguém se insultou, tudo decorreu com normalidade e elevação democrática.
Em consequencia, não é notícia.
Manquem-se como diz o meu filho João
2010/10/10
Em 1919 uma campanha a favor da proibição do Alcool nos EUA mostrava a foto abaixo:
"LABIOS QUE PROVAREM O ALCOOL, NÃO PROVARÃO OS NOSSOS"
Olhe bem para elas e seja sincero...
Bora pró Bar!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Não posso estar mais de acordo.
O Desconforto de Mourinho 3
1 - Hoje vi o Barça fazer um jogo "lindo de morrer" e acabou empantando em casa;
2 - Se estamos a fim de juízos morais e achas mal o gajo da Marca diminuir o futebol italiano e inglês o que é que pensas sobre as declarações do Special One ou o El Especial ou a puta que o pariu, onde acusa os outros clubes espanhóis de deixarem ganhar o Barça?
Bela resposta que o Maiorca lhe deu hoje.
PS: Continuo a esperar pelo fim da época para conferir
2010/10/09
Bilbao
Ressalvando a excepcional Mamam de Loise Bourgeois e a instalaçao The Matter of Time de Richard Serra a colecção não é muito interessante mas, só por si, o edifício vale a deslocação.
A mudança de tonalidades que se verifica durante o dia é estraordinária e só pode ser um estudo genial do arquitecto Frank Gehry
Vale a viagem.
Aliem a "cultura" a outra. A gastronómica.
Em toda a Espanha se "pica" magnificamente mas nada se compara aos "pintchos" bascos nomeadamente em S. Sebastian.
Serie Frase do Ano I
Não sei se é verdade mas confere:
No país onde o Ministro da Saúde diz que sexo é o melhor remédio para a hipertensão, já tem gente usando a punheta como genérico.
2010/10/04
Pamplona
Em Janeiro de 2008 fui com o meu filho João, passar um fim-de-semana comprido em Bilbau, com o objetivo de visitar o Gugenheim.
Nota 1: não sei onde fui buscar o vídeo mas foi seguramente a um blog.
Peço desculpa ao autor da sua divulgação pela não referência
Nota2:
Ando irritado com a formatação dos meus últimos posts.
A coisa não me tem saído como eu gostaria, não sei se por imcompetência minha, se por falta de aplicação.
Prometo resolver a questão brevemente.
2010/10/02
O Desconforto de Mourinho 2
Li e vi também o jogo! E os antes também. Eu gosto é de futebol, gosto bastante do futebol do Real Madrid, que agora é o futebol do José Mourinho. Estavam á espera do quê!? Do futebol de quem! Não se percebe bem aonde é que o gajo da Marca quer chegar; Achei ridícula a forma como ela caracteriza e diminui duas grandes culturas de futebol como a Inglesa e a Espanhola; achei ridículo como diminui o Inter e o Chelsea;. Se há treinador que tem resposta para os doentes espanhóis de Madrid que por terem expectativas erradas é o Mourinho: Acham que uma grande equipa como o Madrid não precisa de sofrer bastante para ganhar os jogos da Champions da La liga! Achavam que o Mourinho chegava, dizia três palavras e quatro treinos e eles saiam a jogar como o Barcelona. Espanha tem o seu futebol, mas eu acho que o verdadeiro problema está no futebol lindo de morrer do seu arqui-rival de Barcelona pratica, enquanto o Mourinho não começar a dar cabazadas de bola como os outros; não vai ser suficiente. Pena é que se esqueceram muito rápido quem é que encheu o cabaz de quem na final da champions do ano passado. E quando ele levantar o caneco por Madrid; mais uma vez estas vozes que se repetem irão traduzir a expressão Special One e Lo speciale ou lá o que é para espanhol. Como tu dizes - Cuidado com as adjectivações. O que é isso de em Espanha gostamos de BOM futebol. Era uma pergunta que gostava que o senhor respondesse. O primeiro trabalho visível de um treinador é a defesa da equipa. Falem sobre a defesa como o Real defende. Será que isso não bom futebol? P.S. O Barça do Cruiff era o que baseado nos fundamentos do AJAX ou será que nem isso já se lembram?
A medidazita que faltou
Por Ferreira Fernandes
ELE É VOGAL de uma dessas entidades reguladoras portuguesas - insisto, não é ministro de país rico, é um vogal de entidade reguladora de país pobre - e foi de Lisboa ao Porto a uma reunião. Foi de avião, o que nem me parece um exagero, embora seja pago pelos meus impostos. Se ele tem uma função pública é bom que gaste o que é eficaz para a exercer bem: ir de avião é rápido e pode ser económico. Chegado ao Aeroporto de Sá Carneiro, o homem telefonou: "Onde está, sr. Martins?" O Martins é o motorista, saiu mais cedo de Lisboa para estar a horas em Pedras Rubras.O vogal da entidade reguladora não suporta a auto-estrada A1. O Martins foi levar o senhor doutor à reunião, esperou por ele, levou-o às compras porque a Baixa portuense é complicada, e foi depositá-lo de volta a Pedras Rubras.O Martins e o nosso carro regressaram pela auto-estrada a Lisboa. O vogal fez contas pelo relógio e concluiu que o Martins não estaria a tempo na Portela. Encolheu os ombros e regressou a casa de táxi, o que também detestava, mas há dias em que se tem de fazer sacrifícios.Na sua crónica nesta edição do DN, o meu camarada Jorge Fiel diz que o Estado tem 28 793 automóveis. Nunca perceberei por que razão os políticos não sabem apresentar medidas duras. Sócrates, ontem, ter-me-ia convencido se tivesse também anunciado que o Estado passou a ter 28 792 automóveis.
2010/10/01
A Biblioteca 2
Publicado aqui por José Mário Silva
«”Já os leu todos?” Não, claro que não. Ou talvez sim. Na verdade, não sei. É complicado. Há livros que li e esqueci (muitos), e alguns que me limitei a espreitar e de que me lembro. Ou seja, nem todos foram lidos, mas todos foram folheados, cheirados, sopesados. Depois disso, a obra pode tomar três direcções possíveis (refiro-me aos livros escolhidos, comprados por mim e por isso já “seleccionados”, e não aos livros simplesmente recebidos): leitura imediata ou a breve prazo, leitura para mais tarde (o que pode levar semanas, meses ou anos, se as circunstâncias forem particularmente desfavoráveis e o afluxo demasiado intenso, formando-se “pilhas de livros a ler”), ou leituras para arrumar nas prateleiras. Mas mesmo estes últimos livros foram, de certa maneira, “lidos”, e ficaram arrumados tanto numa parte qualquer do meu espírito como na minha biblioteca. Eles servirão um dia, embora não saiba quando nem porquê. Há decerto uma razão para estarem aqui. Deveríamos falar igualmente dos livros que lemos e que falhámos, desses com os quais nunca nos conseguiremos entender, porque, embora sejam geniais, não nos correspondem, desses outros livros que precisam de ser relidos para que os assimilemos, dos que temos vontade de reler por puro prazer, dos que certamente nunca mais voltaremos a abrir mas de que não nos queremos separar, dos autores que prometemos reler integralmente um dia ou descobrir, etc. (”Na verdade, uma biblioteca, seja qual for o seu tamanho, não precisa de ter sido lida de uma ponta à outra para ser útil; cada leitor beneficia de um equilíbrio exacto entre saber e ignorância, memória e esquecimento”, Alberto Manguel). Séneca chegava ao ponto de considerar que os numerosos rolos da Biblioteca de Alexandria eram “decorações de sala de jantar”.“Mas tem um método de leitura rápida?”, perguntam-me. Sim, claro que tenho. É o seguinte: faz cinquenta anos que passo uma grande parte do meu tempo a ler todo o tipo de obras, em todo o tipo de circunstâncias, para todo o tipo de fins. Como em qualquer actividade que se torna familiar (seja ela manual, artística ou desportiva), cria-se uma relação especial com o objecto em questão, no caso a coisa impressa (”São necessários muitos anos de trabalho para que as engrenagens cerebrais da leitura, já bem oleadas, deixem de ser conscientes”, Stanislas Dehaene). O importante não é ler depressa mas ler cada livro à velocidade que ele merece. É tão pernicioso demorar tempo demais com alguns do que ler outros demasiado rápido. Há livros que ficamos a conhecer folheando-os, outros que só compreendemos à segunda ou terceira leitura, outros ainda que poderemos reler com proveito toda a vida. Um policial lê-se em poucas horas, mas preparar uma aula sobre algumas páginas de The Waste Land, de T. S. Eliot, exige vários dias. Mas o cúmulo do desequilíbrio entre o tempo passado com um texto e a sua extensão estaria sem dúvida num trabalho de análise ao célebre monóstico de Apollinaire: “Et l’unique cordeau des trompettes marines”! Escrever um artigo para a imprensa sobre uma obra que acaba de ser publicada exige – pelo menos no que me diz respeito – duas leituras: a primeira para descobrir o livro enquanto leitor inocente, a segunda para dar uma ordem às impressões e ideias que o livro me suscitou. E depois, é um facto que esquecemos a maior parte do que lemos. Pierre Bayard, em Comment parler des livres que l’on n’a pas lus? (Minuit, 2007; Como falar dos livros que não lemos?, tradução de Maria Amaral e Sílvia Sacadura, Verso da Kapa, 2008), dissertou brilhantemente sobre o facto de sermos todos levados a falar de livros que não lemos, livros dos quais apenas ouvimos falar. Aliás, Bayard disserta até de forma demasiado brilhante, uma vez que a soma das leituras que pressentimos por trás do seu ensaio está em flagrante contradição com a sua tese. Ele evoca igualmente o esquecimento em que tombam a maior parte das nossas leituras: “Torna-se difícil saber com precisão se lemos ou não um livro, uma vez que a leitura é o lugar da evanescência.” Porque mesmo quando o livro foi efectivamente lido, e tão bem que ganha um lugar específico no nosso espírito, muitas vezes não sobra mais do que a memória da emoção vivida durante a sua leitura e nada de muito preciso quanto ao seu conteúdo (acontece oferecermos durante anos a fio um determinado livro, certos de que gostámos de o ler, e contudo sermos incapazes de falar sobre ele porque entretanto os detalhes já se apagaram completamente).Stanislas Dehaene mostra, em Les Neurones de la lecture (Odile Jacob, 2007), o que o surgimento da leitura teve de singular na evolução humana. Trata-se de uma actividade do nosso cérebro que é relativamente recente: a invenção da escrita pelos babilónios aconteceu apenas há 5400 anos e o alfabeto tem 3800 anos, ou seja, tempo insuficiente para que o nosso genoma tivesse oportunidade de se modificar com vista a desenvolver circuitos cerebrais específicos para a leitura (”Como é que a arquitectura cerebral de um bizarro primata bípede que se tornou caçador-recolector se foi ajustando com tanta precisão, em poucos milhares de anos, às dificuldades que derivam do reconhecimento da escrita?”, Stanislas Dehaene). Esta faculdade, apercebida individualmente como mágica, constitui também um acontecimento improvável no plano da evolução humana, e é um dos aspectos mais surpreendentes do nosso funcionamento cerebral. A leitura, ao começar por recolher informações (sobre contabilidade comercial, câmbios e impostos), permitiu que se passasse depois à notação de reflexões mais gratuitas, transmitindo-as à distância e, ao serem legadas às gerações seguintes, favorecendo a sua acumulação e o seu enriquecimento constantes. Com a escrita, e por arrasto com a leitura,o homem não efectuou apenas um salto cultural quantitativo, ele passou também para outra escala em termos mentais. Tornou-se, em suma, um ser pensante complexo. (”O Homo sapiens é o único primata capaz de pedagogia, na medida em que apenas ele sabe prestar atenção aos conhecimentos e aos estados mentais de outrém, tendo como objectivo o ensino. Não só conseguimos transmitir de forma activa os objectos culturais que consideramos úteis, mas também – e isto é particularmente evidente no caso da escrita – conseguimos aperfeiçoá-los intencionalmente. Há cerca de cinco mil anos, os primeiros escribas descobriram um poder escondido do cérebro humano: o de aprender a transmitir a linguagem através da visão”, Stanislas Dehaene).Não espanta por isso que a leitura continue a ser percepcionada como uma actividade única. E, no meu caso, há sempre euforia no acto de formar uma realidade por trás do simples nome de um autor ou do título de uma obra (”Leio sem escolher, simplesmente para entrar em contacto”, Walter Benjamin). Quando não foi lido, um livro é na pior das hipóteses um conjunto de letras. Na melhor das hipóteses, é uma vaga – e muitas vezes falsa – imagem nascida do que sobre ele ouvimos dizer. Pegar num livro e descobrir o que realmente contém equivale a dar-lhe um corpo; quer dizer, uma espessura e uma densidade que ele nunca mais perderá.»
O ensaio de Jacques Bonnet, traduzido por mim e editado pela Quetzal, vai para as livrarias dia 8 de Outubro.
A Biblioteca
A história, começou quando logo após o 25 de Abril de 1974 o Mário Soares deu uma entrevista na sua casa do Campo Pequeno sentado num sofá de orelhas com uma estante repleta de livros atrás e um candeeiro de pé alto lado, sugerindo que ali era o seu sítio preferido de leitura.
Eu já tinha muitos livros mas nada que parecesse com o ambiente que se respirava. Sossego, recolhimento, concentração. Ali mesmo prometi que quando fosse crescido teria uma coisa parecida.
Quase trinta anos depois, mais concretamente em 2002, surgiu a oportunidade e lá comprei uma casita que transformei nisto que se pode ver abaixo e em que, curiosamente, a fotografia que melhor corresponde à ideia é a de um amigo sentado à "minha" secretária lendo um dos meus livros.
Fui acrescentando algumas coisas nomeadamente uma área onde se pode "ouver" (roubado ao Zé Duarte) os meus/minhas favoritos/as, como segue:
Hoje é o meu refúgio.
Fica perto de Lísboa, suficientemente perto para se chegar depressa e suficientemente longe para se estar no campo.
Aconteceu á pouco, aquando da vista do Papa a Portugal, uma história engraçada.
A casa fica no Caminho de Fátima e os Peregrinos passam mesmo à minha porta.
Estava a "ouver" um conerto de Mozart, com a Orquestra de Viena dirigida pelo Karajan (edição do aniversário dos 111 anos da Deutche Gramophone) quando de repente olhei pela janela e vi um grupo a espreitar e a"ouver".
Um deles virou-se para mim e disse :
- não sabia que se ouvia disto por estas bandas...
- Pois fique a saber que sim e vão com cuidado porque a estrada é perigosa, respondi eu.
Ficaram mais um pouco a descansar e a alimentar a alma com a música e lá se foram serra acima.
Resta acrescentar que eu gosto de ouvir música alto e bom som e sou conhecido na terra por "ser o gajo que só ouve música esquisita, erudita, jazz, blues e quando me dá a fraqueza, que diabo um homem não é de pau, faço umas incursões violentas pelo Country.
Rachelle Ferrell
Who's Who
Quem ouvir as luminárias do economês que andam há cinco anos a fazer agitprop, julgará tratar-se de um bando de virgens. Afinal, quase todos foram ministros das Finanças e/ou da Economia, e muitos dos que não foram (e agora têm catarro) fizeram uma perninha como ajudantes.
Vejamos como foi a partir de 16 de Maio de 1974:
1.º governo provisórioPalma Carlos (PM), Vasco Vieira de Almeida (Coord. Económica)
2.º governo provisórioVasco Gonçalves (PM), José da Silva Lopes (Finanças), Rui Vilar (Economia)
3.º governo provisórioVasco Gonçalves (PM), José da Silva Lopes (Finanças), Rui Vilar (Economia)
4.º governo provisórioVasco Gonçalves (PM), Mário Murteira (Coord. Económica), José Joaquim Fragoso (Finanças)
5.º governo provisórioVasco Gonçalves (PM), Mário Murteira (Coord. Económica), José Joaquim Fragoso (Finanças)
6.º governo provisórioPinheiro de Azevedo (PM), Salgado Zenha (Finanças)
1.º governo constitucional / PS Mário Soares (PM), Sousa Gomes (Coord. Económica), Medina Carreira (Finanças)
2.º governo constitucional / PS+CDSMário Soares (PM), Vítor Constâncio (Finanças e Plano)
3.º governo constitucional / EanistaRejeitado no ParlamentoNobre da Costa (PM), José da Silva Lopes (Finanças e Plano)
4.º governo constitucional / EanistaCarlos Mota Pinto (PM), Jacinto Nunes (Finanças e Plano)
5.º governo constitucional / EanistaLurdes Pintasilgo (PM), Corrêa Gago (Coord. Económica), Sousa Franco (Finanças)
6.º governo constitucional / AD [PSD-CDS+PPM]Francisco Sá-Carneiro (PM), Cavaco Silva (Finanças e Plano)
7.º governo constitucional / AD [PSD-CDS+PPM]Pinto Balsemão (PM), Morais Leitão (Finanças e Plano)
8.º governo constitucional / AD [PSD+CDS+PPM]Pinto Balsemão (PM), João Salgueiro (Finanças e Plano)
9.º governo constitucional / BLOCO CENTRAL [PS+PSD]Mário Soares (PM), Ernâni Lopes (Finanças e Plano)
10.º governo constitucional / PSDCavaco Silva (PM), Miguel Cadilhe (Finanças)
11.º governo constitucional / PSDCavaco Silva (PM), Miguel Cadilhe (Finanças), Miguel Beleza (idem)
12.º governo constitucional / PSDCavaco Silva (PM), Braga de Macedo (Finanças), Eduardo Catroga (idem)
13.º governo constitucional / PSAntónio Guterres (PM), Sousa Franco (Finanças), Daniel Bessa (Economia), Augusto Mateus (idem), Pina Moura (idem). Na ponta final, Pina Moura acumulou Finanças e Economia.
14.º governo constitucional / PSAntónio Guterres (PM), Guilherme d’Oliveira Martins (Finanças), Braga da Cruz (Economia)
15.º governo constitucional / PSD+CDS-PPDurão Barroso (PM), Manuela Ferreira Leite (Finanças), Carlos Tavares (Economia)
16.º governo constitucional / PSD+CDS-PPSantana Lopes (PM), Bagão Félix (Finanças), Álvaro Barreto (Act. Económicas)
17.º governo constitucional / PSJosé Sócrates (PM), Campos e Cunha (Finanças), Teixeira dos Santos (idem), Manuel Pinho (Economia)
18.º governo constitucional / PSJosé Sócrates (PM), Teixeira dos Santos (Finanças), Vieira da Silva (Economia)
Afinal, o que é que os distinguiu? Medina Carreira e Ernâni Lopes tiveram de negociar com o FMI.
Cavaco foi-se embora por razões nunca esclarecidas.
Silva Lopes e Constâncio foram governadores do Banco de Portugal.
Teixeira dos Santos veio da CMVM.
Carlos Tavares foi para a CMVM.
Dois advogados (Medina Carreira e Salgado Zenha) foram ministros das Finanças.
Realmente já só falta experimentar o Francisco Louçã.
2010/09/29
Até que enfim
Afinal, vende-se em garrafas.
Anedota do dia
- Queres chá verde “ó” preto?
E ele responde:
- Pode ser.
A história de "estória"
Resumindo, pqp para os que contam "estórias".
Sempre me irritou a utilização da palavra estória, e mais ainda agora que a vi num coleccionável no Diário de Notícias intitulado AS ESTÓRIAS NUNCA CONTADAS PELA HISTÓRIA sobre os 100 anos da República. O raio do título é uma verdadeira tese, pelo que, fui ver e encontrei e chega-me e irrita-me. A palavra estória é uma forma divergente de história, pois ambas têm origem no grego historía, -as (exame, informação, pesquisa, estudo, ciência) através do latim historia, -ae, tendo a forma estória entrado através do inglês story.
O Dicionário Houaiss (brasileiro, mas também com uma edição portuguesa) informa-nos, na etimologia desta palavra, que estória foi uma forma "adoptada pelo conde de Sabugosa com o sentido de narrativa de ficção, segundo informa J.A. Carvalho no seu livro Discurso & Narração, Vitória, 1995, p. 9-11".
Em Portugal, apenas alguns dicionários registam estória; no entanto, esta palavra é actualmente utilizada com muita frequência com o sentido de narrativa popular.
Em relação a estas palavras, o Dicionário Aurélio (também brasileiro) faz mesmo uma recomendação: "[Recomenda-se apenas a grafia história, tanto no sentido de ciência histórica, quanto no de narrativa de ficção, conto popular, e demais acepções.]".
Em contextos em que o utilizador da língua queira evitar o uso de uma palavra polémica, deverá utilizar sempre a forma história, pois em relação a esta não há qualquer controvérsia.
Cláudio Moreno
Perdi a conta dos leitores que me perguntam sobre a famigerada estória. Uns querem saber se realmente existe essa distinção entre estória e história. Outros teriam ouvido que a palavra existiu outrora, mas hoje seria considerada arcaica. Há quem especule que estória tenha nascido de um erro de tradução. Quase todos perguntam se é uma distinção útil e necessária, ou se não passa de supérfluo balangandã. Peço perdão àqueles que fiz esperar, mas aqui vai minha resposta a todos.
Foi João Ribeiro, forte conhecedor de nosso idioma, quem propôs a adoção do termo estória, em 1919, para designar, no campo do Folclore, a narrativa popular, o conto tradicional, objeto de estudo dos especialistas daquela área. E não se tratava de inventar, mas sim de reabilitar (hoje usariam o horrendo resgatar...) uma forma arcaica, comum nos manuscritos medievais de Portugal. Era uma ingênua proposta, paroquial, nascida da inveja compreensível que causa a distinção story - history do Inglês; sem ela, alega o próprio Luís da Câmara Cascudo - para mim, um dos escritores que mais contribuíram para nossa língua -, não se pode entender frases como "Stories are not History", ou títulos como "The History of a Folk Story". Que o mestre Cascudo me perdoe: a intenção era boa, mas sem nenhum fundamento lingüístico.
Em primeiro lugar, a estória medieval não era um vocábulo diferente de história; era apenas uma das muitas variantes que se encontram nos textos manuscritos de nossos copistas, naquele tempo heróico em que a estrutura de nossa ortografia ainda lutava para sedimentar. Ali aparecem história, hestória, estória, istória, estórea (ainda não se usavam os acentos, que são de nosso século, mas não pude resistir). Da mesma forma, vamos encontrar homem, omem, omee (algumas vezes com til no primeiro e) e até ome. Nota-se que o emprego do "h" e das vogais ainda não estava estabilizado na escrita. Entretanto, já no séc. XVI - em Camões, por exemplo - a grafia de homem e história era a que é usada até hoje. Outras línguas da família latina, como o Espanhol e o Francês, também experimentaram essa variedade de formas para história, mas terminou prevalecendo a forma única (historia e histoire, respectivamente).
Em segundo lugar: grande coisa se o Inglês pode fazer a distinção entre story e history! E daí? Como o folclórico Napoleão Mendes de Almeida nos lembra, eles também distinguem entre can (poder, conseguir) e may (poder, no sentido legal e ético): "You can, but you may not" é uma rica frase em Inglês que só poderíamos traduzir com um aproximado "Você pode, mas não deve". Esse autor, que abominava estória, pergunta ironicamente: "Se curtos de inteligência foram nossos pais em não terem descoberto essa história de "estória", curtos de inteligência continuamos todos nós em não forjarmos distinção gráfica e fonética para "poder", para "educação", para "raio", para "oficial" e para outros vocábulos de formas diferentes em Inglês, como curtos de inteligência são todos os outros idiomas que têm palavras com mais de uma significação".
Dessa vez Napoleão bateu no prego e não na tábua. Uma olhada no meu Oxford e me dou conta que para nosso raio, por exemplo, o Inglês tem (1) ray (onde temos "raio de luz", "pistola de raios"), (2) radius (o "raio de um círculo") e (3) lightning (a "descarga elétrica"). É mais do que comum o fato de uma língua fazer distinções vocabulares que outras não fazem. Como tive a oportunidade de mencionar em outro artigo (Atravessando o Canal da Manga), o Espanhol designa com um único vocábulo (celo, celos) o que nós distribuímos por três: zelo, cio e ciúme. Invejamos o story do Inglês? Eles então devem ficar verdes diante de nosso ser e estar, distinção fundamental na vida e na Filosofia, que eles simplesmente desconhecem. Assim são as línguas humanas, na sua (im)perfeição.
Além disso, os amáveis folcloristas que defendiam estória pensavam apenas em distinguir "a História do Brasil das Histórias da Carochinha". Do ponto de vista lingüístico, erraram por todos os lados. Primeiro, erraram porque essa não é uma distinção útil, que justifique sua defesa. O português José Neves Henriques, o severo e consciencioso JNH do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa (já falei sobre ele na seção de Links***), condena essa invenção "brasileira" (ele tem razão: é coisa nossa), tachando-a de "uma palermice, porque, até agora, nunca confundimos os vários significados de história. O contexto e a situação têm sido mais que suficientes para distinguirmos os vários significados". Certo o professor Henriques, errados os folcloristas: ninguém vai confundir a história de um país com a história do bicho-papão.
Segundo, erraram porque enxergavam apenas dois pólos bem definidos: a história que se refere ao passado e ao seu estudo, e a estória da narrativa, da fábula. A experiência nos diz que essas invasões de searas alheias geralmente pecam por um raciocínio simplista, reducionista. Quem mexe no que não entende, termina fazendo bobagem... e não deu outra. Nossos estudiosos não perceberam que a distinção sugerida, apetecível do ponto de vista deles, acabaria criando incertezas e hesitações em frases corriqueiras como "Deixa de histórias!"; "Essa já é outra história"; "Que história é essa?"; "Eu e ela temos uma velha história". Qual das duas formas usar? Por tão pouco benefício, por que assombrar ainda mais os que escrevem em Português? Faço questão de frisar "os que escrevem" - porque aqui, também, reside outra falha da proposta de João Ribeiro: as duas formas não seriam distinguíveis na fala, já que a realização da vogal "E" inicial de estória é geralmente /i/ (como em espada, esperto, etc.). Ambas seriam pronunciadas da mesma maneira: /istória/. E quantas outras palavras, derivadas de história, deveriam ser alteradas? Historieiro? Historiento? As historietas passariam a ser estorietas? Os aficcionados em quadrinhos passariam a usar EQ em vez do consagrado HQ? Como se vê, "muito trabalho por nada", como reza a comédia de Shakespeare.
De qualquer forma, o uso de estória poderia ter ficado confinado ao mundo do Folclore, onde talvez fosse de alguma utilidade. Afinal, não é incomum que certas áreas do pensamento postulem, para uso exclusivo, vocábulos novos ou variações fonológicas ou ortográficas de vocábulos antigos, no afã de obter maior precisão em seus conceitos. Isso se verifica, por exemplo, na Filosofia, na Lógica, na Lingüística, na Psicanálise (onde me chama a atenção a impressionante inquietação lingüística dos lacanianos). Como é natural, essas variantes vão fazer parte de um código específico, cujo emprego passa a ser indispensável para os especialistas dessa área, mas não entram no grande caudal da língua comum. A criação, a utilização e, muito seguidamente, a agonia e morte dessas formas são registradas em discretos dicionários especializados, convenientemente isolados do grande rebanho representado pelos dicionários de uso.
Infelizmente, como nos piores pesadelos dos ecologistas, estória rompeu as cercas de segurança, saiu do pequeno rincão do Folclore e invadiu nossas vidas. O responsável por isso foi João Guimarães Rosa (pudera não!). Como escreve meu mestre Celso Pedro Luft, com uma ponta de inesperada ironia, Rosa decidiu "glorificar, imortalizar a ausência do agá: Primeiras Estórias. Corriam os anos de 1962. Primeiras estórias ... todos os fãs do mineiro imortal ficaram absolutamente alucinados. E foi estória para cá, estória para lá, estória para todos os lados. Uma epidemia. Perdão, uma glória". Depois, em 1967 veio Tutaméia, com o subtítulo "Terceiras Estórias", e o póstumo Estas Estórias, publicado em 1969. Muito tem sido escrito sobre a inovação da linguagem rosiana; a sintaxe de seu narrador é, a meu ver, a criação literária do século. No entanto, sou obrigado a observar que, em termos não-literários, essa inovação é zero. Nenhuma das palavras montadas, deformadas ou inventadas por ele jamais será usada, a não ser por imitadores (que já andam escasseando...). É uma linguagem só dele; funciona admiravelmente no universo de sua obra, mas é seu instrumento pessoal, e nunca será nosso. Ouso dizer que a única influência rosiana no Português foi a divulgação desse equívoco que é estória. Tenho certeza de que Guimarães Rosa, místico de quatro costados, entenderia: deve ser vingança dos deuses da Língua.
Comentário de Roberto Moreno na secção "Links" (http://www.terra.com.br/sualingua/):«Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Este é o sítio mais tradicional sobre questões de Língua Portuguesa. Você pergunta, e uma simpática "equipa, orientada pelo Conselho Científico da Sociedade da Língua Portuguesa, responder-lhe-á o mais depressa possível" (pelo vocábulo equipa e pela mesóclise, você já deverá ter percebido que os autores são de Portugal). Tem uma estrutura bem prática; seu valioso arquivo de perguntas respondidas desde 1997 pode ser pesquisado com um mecanismo de busca. Infelizmente a "equipa" que responde às consultas é muito desigual; alguns de seus integrantes pouco ou quase nada entendem do assunto. No entanto, como todas as respostas são assinadas, fique atento às iniciais JNH, que identificam o material produzido por José Neves Henriques, qualificado na ficha de colaboradores como "professor aposentado, membro do Conselho Científico e director do boletim da Sociedade da Língua Portuguesa, licenciado, com tese, em Filologia Clássica pela Universidade de Lisboa e autor de várias obras de referência". Este realmente sabe o que faz; embora siga uma orientação um tanto tradicional, suas contribuições são constrangedoramente mais valiosas que as de seus parceiros. Até agora, todos os textos que li com a rubrica JNH impressionam pela solidez do conhecimento e seriedade com que trata cada tópico discutido.»
Sobre o Autor
Doutor em Letras pela PUCRS (Rio Grande, RS, Brasil), Cláudio Moreno é professor de Português nesta universidade e autor do consultório da Internet "Língua Portuguesa".