2009/01/01

SALAZAROFILIA / SALAZAROFOBIA

Gostei de ler. Não sei porquê dá-me para sorrir. Coisas que me vieram á cabeça enquanto lia:

O peso do presente tem muito mais força que o pesadelo do passado;
A memória é curta; a memória colectiva existe mas não para estes casos; se existisse essa entidade intitulada de humanidade, aprendia e não repetia os erros; mas essa entidade teima em não aprender…
O ser humano não evolui tão rápido como desejamos; há muitos de nós que não querem ser livres pensadores; nem sequer a liberdade; querem é ser bem governados, para terem a consequente boa remuneração; têm como objectivo comprar coisas boas que vêm nos anúncios e na garagem vizinha.
Autoridade? Quem, em que moldes, formas, métodos… não interessa. Ditador, 1º Ministro, Rei, por favor! Fala-me mas é do losango do Paulo Bento.

Quanto mais tiros no pé os representantes da Democracia forem dando, mais manifestações ignorantes de apoio ao “antigamente é que era” aparecem e mais ausência de votos existirão nas urnas. Também serve para os apoiantes da Monarquia Institucional apresentarem argumentações sustentadas na comparação…que o rei não ode se despedir nem acabar o mandato conforme lhe convém blá blá blá… que não importa para o assunto.

Adorei ler isto:
Na verdade, como no tempo de Salazar, o pano de fundo desta subserviência instituída em "consenso" é a escassez de bens, recursos e lugares e a enorme dificuldade em se ser independente em primeiro lugar do Estado omnipresente, e depois dos partidos, dos grupos e das coteries em segundo, terceiro, quarto e enésimo lugar. É por isso que ainda somos mais salazaristas do que democráticos, no fundo da nossa maneira de ser em público. É por isso que esta salazarofilia involuntária, mas real, atravessa a nossa vida pública de cima abaixo, da esquerda para a direita e vice-versa, enche a política, a comunicação social, o establishment literário e cultural.

Pois é mas dá tanto trabalho ser este elemento independente, livre pensador, contraditório… quantos estão dispostos a estar desta forma? Quantos que até tinham esta pré-disposição e foram moldados pelo meio? Como tu próprio sabes, esta postura dá trabalho. Há que lamber papel, ser inconformado, teimoso, curioso…

Acho que ainda estamos a depender de figuras autoritárias que nos liderem.

E a seguir pensei nesta frase que jamais me esquecerei:

“Preferes a Autoridade como verdade ou a verdade como autoridade”

João Frazão

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